terça-feira, 24 de junho de 2008

O PROJETO

Labirintos é o mais novo projeto cênico do Grupo Vilavox, residente do Teatro Vila Velha, Salvador Bahia. Com direção de Patrick Campbell, a trupe está trabalhando na recriação dos Mitos gregos de Teseu, Pasifae e Ícaro. Para contar essa história de forma atualizada e contextualizada com nossa cultura, elementos afro-brasileiros e latinos vêm sendo empregados na constituição das cenas. Além disso, recursos de teatralidade também ajudarão a contar essas histórias. Bonecos, pernas-de-pau, canto, música e técnicas de circo darão o tom da montagem, que tem estréia prevista para agosto.

Labirintos promete ser uma experiência cênica de desvendamento, desnudamento e reconhecimentos. Uma espécie de perder-se para se achar. Para isso, o espectador será convidado a enxergar o Passeio Público como esse espaço cênico onde serão vividas essas histórias míticas. Os diversos ambientes do lugar já estão sendo explorados pelos atores. De forma itinerante, o espetáculo vai levar o público para dentro da história que tem no embate entre formas diferentes de ver o mundo o seu fio condutor. A racionalidade versus o pensamento mítico e da fábula. O choque de culturas, de valores e de formas de poder se expressarão na peça, tendo o labirinto como ponto de ligação na história desses personagens.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

PASIFAE

(a mulher e o touro)


Pasífae, filha de Apolo e de Perseis, foi a mulher de Minos e mãe de Androgeu, Ariadne e Fedra. O seu marido Minos se recusou a sacrificar um enorme touro branco a Poseidon, este, por vingança, conseguiu convencer Afrodite a castigá-lo. Assim, a deusa do amor enfeitiçou Pasifae, inspirando-lhe um amor irresistível por esse touro branco. Dédalo ajudou este amor monstruoso de Pasifae, fabricando para ela uma vaca de madeira tão perfeita que enganou o touro. Pasífae colocou-se no interior e dessa união nasceu um ser metade touro metade homem: o Minotauro.

Trecho da cena da Côrte, fala de Pasifae escrita e interpretada po Jacyan Castilho:

Você não é igual a mim. Você não olha para mim. Você não me olha como mulher. Você não sabe quem eu sou. Você não sabe que eu sou uma deusa. Você está se lixando, não é isso? Pra minha divindade? Mas eu vou sujar a minha divindade com você.

Jacyan Castilho, Daniel Farias e Cláudio Machado

TESEU

(a criança e seu destino)


TESEU era fruto do encontro entre Etra e EGEU, rei de Atenas em uma suas viagens. Antes de conhecer o filho, Egeu teve de voltar a Atenas, pois a situação estava um pouco instável devido à ambição dos sobrinhos. Por esse motivo, inclusive, o rei pediu a Etra que, se ela desse à luz um menino, só revelasse ao filho quem era seu pai quando ele tivesse forças para pegar a espada e as sandálias que ele escondera sob uma enorme pedra. Depois disso devia ir em segredo até Atenas, pois os ambiciosos palântidas eram capazes de matá-lo.

Nasceu um menino, que cresceu vigoroso e forte como um herói. Aos dezesseis anos seu vigor físico era tão impressionante que Etra decidiu contar-lhe quem era o pai e o que se esperava dele. Teseu ergueu então a enorme pedra antes movida por Egeu, recuperou a espada e as sandálias do pai, e dirigiu-se para Atenas.

Lá chegando encontrou um rei derrotado pela decadência do império. Humilhado pelo tributo de 14 virgens devidos anualmente a Creta para serem devorados pelo MINOTAURO, o monstro do labirinto. A origem da dívida devia-se ao fato de que anos antes, nos jogos de Atenas, os cidadãos mataram por inveja Androgeu, o primogênito do rei Minos campeão absoluto da competição. O rei de Creta resolve então se vingar anualmente.

Trecho da cena do encontro de Teseu com seu pai, Egeu:

Preciso ir, pai, prometo voltar. Vou à Creta, para nos libertar desse pesadelo. Trocarei as velas do barco quando voltar. Voltarei de velas brancas.

Leandro Villa