sexta-feira, 29 de agosto de 2008

ÚLTIMA CHANCE!


Pois é, quem ainda não viu Labirintos só tem mais esse fim de semana pra vir conferir. E é bom chegar cedo, pois são poucos lugares.


Olha o que falaram de nós ao longo da temporada:


- A LUPA

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

clique na foto para ampliar



sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Cláudio Machado, Yoshi Aguiar e Deilton José OS ECOS
(ou a equipe)
parte IV
A CONSTRUÇÃO
Pra dar conta da cenografia do Cabaré, do Palco e dos corredores por onde passa o espetáculo, foi preciso um trio: unido, criativo e talentoso.
passe o mouse sobre a foto para ver os nomes e clique para ampliar (clique aqui para visualizar a ficha técnica completa)
MAIS APOIO!



Chegaram mais dois apoiadores, que também estão diretamente em cena. Quer ver como? Então vem logo! São só mais três finais de semana...

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

MAIS FOTOS!



foto: Danilo Canguçu
Gordo Neto encarna Dédalo, para as lentes de Danilo Canguçu, amigo já íntimo do grupo.
Kadu Fragoso e Bruno PetronilhoOS ECOS
(ou a equipe)
parte III


OS NÓS
Um espetáculo com um percurso tão labiríntico, tantas pessoas no "palco" e na platéia e tantos recursos de cena, é cheio também de pequenos detalhes. E pra não esquecer de nada e pra que dê tudo certo, contamos com a contra-regragem fundamental de dois amigos também voluntários. E o trabalho deles, graças a Baco, é invisível, como deve ser.
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terça-feira, 5 de agosto de 2008

Talo e Ícaro (Daniel Farias e Cláudio Machado)(PRÉ)ESTRÉIA!

Estreamos!

Antes da estréia, vamos à pré-estréia: o evento foi uma comemoração aos 44 anos do Teatro Vila Velha e na platéia só pessoas especiais que fizeram/fazem parte dessa longa história. Ao final bolo e sarapatel, uma festa!

Na estréia, outros muitos amigos estiveram presentes! E continuamos com muita platéia (graças a Baco!) nos outros dias também.

Ganhamos até comunidade no orkut. Obrigado Mabel!

Bons comentários no blog do vila também...

Nossos obrigados a quem veio, gostou, divulgou e até já voltou! Comentem por aqui também.

E quem ainda não veio apareça, a temporada já começou!

terça-feira, 29 de julho de 2008

OS ECOS
(ou a equipe)
parte II



A DIREÇÃO
Patrick Campbell é intérprete, diretor e pedagogo. Formado em Estudos Modernos Ibéricos e Latino-Americanos na Universidade de Londres. É Mestre em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia, no Brasil.

Estudou com diversas companhias e profissionais do teatro, incluindo Odin Teatret, Vladimir Ananyev, Katya Kamotskaya e Albert Filozov da Escola Russa de Interpretação, Triangle Theatre e COSmino Theatre, além de tomar aulas de dança afro com Kokuma Dance Company e de dança afro-baiana com Tânia Bispo e Augusto Omolu. Estudou canto lírico e jazz com Venice Manley e gospel com Jacek Scarso.
Patrick Campbell
Como ator, trabalhou na Europa e na America Latina. Começou sua carreira como membro de Bare Essentials, um grupo de teatro baseado em Coventry, Inglaterra. Participou em três montagens da companhia: Dreamweavers, Olim e Vagrants, que fez turnê no Reino Unido e na Dinamarca. Em 2001 foi protagonista do monólogo Steve Swing dirigido por Jacek Scarso e apresentado na Central School of Speech and Drama em Londres. Em 2005, foi ator convidado em Poolball do Grupo Dimenti (Salvador – BA) interpretando Hamlet de William Shakespeare.

Em Salvador, de 2002 até 2004, trabalhou como preparador vocal assinando a preparação vocal para os espetáculos O Príncipe do Sol de Tupã Teatro (2002), Uma Trilogia Baiana de Meran Vargens (2003), e Chuá do Grupo Dimenti (2004).
Em 2006 era artista em residência no Contact Theatre em Manchester no Reino Unido, onde assinou a direção e protagonizou o espetáculo "O Homem que foi Enterrado Vivo pela Mãe”.

Professor teatral no Reino Unido e no Brasil, em 2005, foi curador de Xamanismo e o Ator, um evento internacional co-organizado pela Universidade de Leeds e a Universidade Federal da Bahia, em colaboração com COSmino Theatre. Também organizou e coordenou uma serie de oficinas e eventos para jovens na Grã-Bretanha, na Espanha, na Polônia e no Brasil. Em agosto de 2007, Patrick começou a cursar o doutorado em teatro no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da UFBA, focalizando no teatro pós-dramático brasileiro.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

APOIADORES


O projeto Labirintos é ousado. Por ser diferente, grande e por não ser simples ou fácil de realizar. No entanto, não foi contemplado com nenhum prêmio de edital de monatagem quer seja do poder público ou da iniciativa privada. Também não há captação por leis de incentivo nem muito menos patrocínio de qualquer tipo. E assim, fazer teatro, que já é difícil, torna-se quase impossível. Quase. É por isso que ainda fazemos.


O projeto Labirintos conta apenas com a vontade e perseverança de sua equipe e com a ajuda de amigos e seu fundamental apoio:

(CLIQUE PARA AMPLIAR)

terça-feira, 22 de julho de 2008

TESEU
(e seus encontros)


Ao chegar a Creta, TESEU apresenta-se ao rei MINOS como um dos quatorze jovens a serem sacrificados ao MINOTAURO e também como príncipe de Atenas e portanto seu inimigo, que veio para matar o monstro e libertar seu povo.

ARIADNE, princesa de Creta, apaixona-se imediatamente pelo destemido rapaz que desafia seu reino e sua família. Ela se propõe a ajudar o rapaz a escapar da morte e pede a DÉDALO, inventor do labirinto uma solução para a prisão. Este, então, entrega à jovem um novelo de lã para que ela segure uma ponta à entrada do labirinto e entregue a outra ao herói para que ele desta maneira possa fazer o caminho de volta e achar a saída.

Teseu assim o faz: entra no labirinto, encontra, enfrenta e mata o Minotauro. Em seguida foge com sua amada para a ilha de Naxos, onde fazem amor. Porém, Teseu abandona Ariadne adormecida e parte de volta a Creta com sua cunhada, FEDRA.


No entanto, em seu retorno, Teseu esquece-se da promessa que fez ao pai de voltar num barco de velas brancas em sinal do sucesso de sua empreitada e o fim do luto. Egeu, ao ver as velas negras ao mar, desespera-se por não suportar mais um fracasso e precipita-se ao mar, que adota o seu nome.

Trecho da fala de Minos (Bruno Guimarães) na cena com Teseu:

Isso tudo é finito. Tudo isso é ilusão. Os brilhos mais duradouros exigem muito mais trabalho do que vencer um rei, uma fera, erguer uma espada. É tão gozado ver você de espada na mão, todo herói contra esse sacrifício. Mas sua cegueira ignora os labirintos sombrios dentro de você. Há tantas coisas que o seu saber ignora, garoto. Mas não tenha pressa. Você irá aprender. O labirinto te espera. E se estou bem certo, o minotauro será o seu primeiro e último mestre.

Bruno Guimarães e Leandro Villa
OS MITOS


Os mitos gregos de Dédalo, Teseu e Pasifae têm um ponto em comum: o labirinto do minotauro. Suas histórias, que já dizem tanto cada uma, multiplicam seus significados quando se tocam na prisão do monstro. Seu construtor e vítima. A rainha, mãe da aberração. O herói a libertar seu povo.


Ao todo o grupo encarna dez personagens:


ARIADNE - Raiça bomfim

DÉDALO - Gordo Neto

EGEU - Mônica Santana

FEDRA - Márcia Lima

ÍCARO - Cláudio Machado

MINOS/MINOTAURO - Bruno Guimarães

PASIFAE - Jacyan Castilho

TALO - Daniel Farias

TESEU - Leandro Villa

quinta-feira, 17 de julho de 2008

POEMA DA PAIXÃO

No processo de criação, o diretor pediu que o elenco escrevesse alguns poemas para as fases de suas personagens. Raiça Bomfim, que já gosta do ofício, traduziu em versos a paixão de Ariadne e este é o seu texto na cena de encontro com Teseu:

Entreguei-me à escuridão
pra ser teu guia luminoso.
Ao ver a face do herói,
me achei rainha.
Dá-me a coragem de teu corpo Raiça Bomfim e Leandro Villa
e teu pêlo em meu entorno.
Saca-me os aros, os panos,
as maneiras.
Despoja-me de tudo que não
seja estrelas
e lança-me no espasmo.
É imenso esse lugar,
a noite nos anseia.
Hei de sangrar vestida por
tua virtude.
Que então dessangre a estirpe,
o nome, a realeza...
Tua áfrica me dita os poros
e que eu te afrodite
no gérmem da delícia,
meu amor,
meu amor,
meu amor.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

OS ECOS
(ou a equipe)
parte I

O Vilavox queria estrear uma nova peça esse ano, com um diretor convidado. Patrick veio com sua idéia mitológica e aos poucos mais e mais pessoas foram aparecendo e construindo juntas esses labirintos.

OS SONS
Uma galera que chegou com cara, coragem e muita vontade criativa foram os músicos que têm colaborado muito na resolução de cenas, contando, é claro, com a participação imprescindível do preparador vocal do grupo. São eles:

Marcelo Jardim, Nando Zâmbia, Diana Ramos, Jarbas Bittencourt e Daniel Neto

passe o mouse para ver os nomes e clique para ampliar

terça-feira, 15 de julho de 2008

DÉDALO

(seu filho e seu sobrinho)

DÉDALO era um gênio, o maior inventor e arquiteto de Atenas. TALO era seu sobrinho-aprendiz, inventor do compasso e serrote e que aos poucos, seguindo os passos do mestre, começa a superá-lo. Invejoso dele, Dédalo o leva ao alto do Templo da Deusa Atena e o empurra para a morte, mas antes que este chegue ao chão, a Deusa o transforma num pássaro, uma perdiz.

Com medo da punição dos deuses, Dédalo foge com seu filho ÍCARO para Creta, reino rival onde é recebido pelo rei MINOS e logo recebe a encomenda de construir uma prisão para o monstro MINOTAURO de onde ninguém possa sair. Dédalo assim o faz e constrói sua maior invenção: o labirinto. Porém, por ter ajudado PASIFAE em seu amor com o touro e ter dado o fio que ARIADNE entrega a TESEU para escapar do labirinto, é aprisionado pelo rei em sua própria obra-prima após a morte do minotauro.

Após anos presos, pai e filho catam as penas das aves e a cera das abelhas para confeccionar asas e fugir do labirinto por cima, como pássaros. Porém ao voarem, Ícaro, desobediante ao pai, encanta-se com o brilho do sol e o calor do astro desfaz suas asas condenando-lhe à queda fatal. Dédalo encontra o corpo de seu filho e ao enterrá-lo percebe uma perdiz ao lado do seu túmulo. Dessa forma entende que os deuses finalmente o puniram, matando seu filho do alto, como fez com seu sobrinho.

Trecho do monólogo de Dédalo, escrito e interpretado por Gordo Neto:

Eu obedeci. Eu fiz. E agora somos nós que estamos aqui. A minha paga foi essa: o infeliz me prendeu na minha obra. Quando a arte está a serviço do rei, o artista está preso.


Gordo Neto e Cláudio Machado

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Precisamos da sua ajuda! Um dos cenários da peça será feito com FILTROS DE CAFÉ USADOS. Você tem? Sabe quem tem? Alguma dica? Por favor deixe um comentário aqui embaixo. Não jogue fora o que pode virar arte! Deixe quantos filtros você puder aqui no teatro, nominados ao Grupo Vilavox. Se você não pode trazer a gente dá um jeito buscar! A recompensa é ajudar uma produção teatral criativa e sem recursos e contribuir diretamente com o nosso projeto! Desde já, muito obrigado!
Contatos: vilavox@teatrovilavelha.com.br 3083-4616


FOTOS




A fotógrafa Carol Garcia veio a um de nossos ensaios e tiramos algumas fotos para a divulgação do espetáculo. O que podemos adiantar é que ficaram muito boas, como vocês podem ver aqui ao lado. Uma delas estará no postal do Vila de agosto.
Na foto Bruno Guimarães veste o Minotauro (clique para ampliar)

domingo, 6 de julho de 2008

O CAMINHO
(ou o processo)


Para contar os mitos de Teseu, Dédalo e Parsifae, o Vilavox se lançou num processo de criação coletivo, sob a direção de Patrick Campbell, doutorando em Artes Cênicas pela Escola de Teatro da UFBA. De abril para cá, direção e atores entraram num processo intenso de ensaios, reuniões, reflexões e produção de imagens e cenas, para aproximar essa história dos nossos dias. O que esses símbolos e arquétipos têm a nos contar é a pergunta que norteou todo o processo de criação.

De forma livre, os atores foram improvisando cenas, imagens, partituras físicas. Com estímulos construiram poemas, canções, movimentos. Esses materiais foram ganhando mais corpo, sentidos e dando forma a dramaturgia de Labirintos, completamente coletiva e desenhada pelo grupo. Essas costuras não são coisa simples, mas a direção busca atentamente ir colando e completando os sentidos das histórias.

Jarbas Bittencourt compondo com o elenco


Um elemento fundamental desse trabalho é a musicalidade, marca presente em todos os espetáculos do Vilavox e que tem grande peso nessa nova montagem. Patrick é um pesquisador das sonoridades e das músicas tradicionais de diferentes culturas, guardando em sua bagagem e memória canções nas línguas mais variadas. Com essa enciclopédia sonora, o diretor foi trazendo para Labirintos, canções búlgaras, francesas do período medieval, entre outras. Para entoar os cantos com técnica e afinação, o grupo acompanha semanalmente as aulas de Marcelo Jardim, que assina a preparação vocal do elenco.

A textura musical intercultural vem ganhando maior peso e colorido com as intervenções de Jarbas Bittencourt, na direção musical. O músico é um parceiro indissociável do Vilavox e está compondo uma cama de sons generosa. Com a participação de três músicos, os atores vão fazer música com objetos simples, instrumentos, voz e a própria estrutura do teatro, que se transforma num inebriante labirinto de sons.

Todo esse som reverbera nos corpos que se movimentarão das formas mais inusitadas. A espetacularidade é a tônica: rappel, pernas de pau, dança, coreografias, teatro físico fazem parte dos elementos desse projeto cênico. A preparação corporal para dar conta de toda essa variedade de técnicas e movimentos está por conta de Líria Morays.

Os ensaios são diários até a estréia de Labirintos, no dia 1° de agosto, no Vila Velha. É aguardar e conferir esse trabalho promissor.

Leandro Villa e Bruno Guimarães
O grupo discute cada passo do caminho O CENÁRIO

A cenografia fica por conta de Cláudio Machado, Yoshi Aguiar e Deilton José que trouxeram uma primeira maquete do cenário do palco principal do teatro, que será o labirinto propriamente dito. Ao todo são 102 praticáveis usando diversos níveis e formando estrutras espirais, rampas, plataformas e arquibancadas por onde o espetáculo e a platéia devem percorrer. Agora é pôr a mão na massa!

terça-feira, 24 de junho de 2008

O PROJETO

Labirintos é o mais novo projeto cênico do Grupo Vilavox, residente do Teatro Vila Velha, Salvador Bahia. Com direção de Patrick Campbell, a trupe está trabalhando na recriação dos Mitos gregos de Teseu, Pasifae e Ícaro. Para contar essa história de forma atualizada e contextualizada com nossa cultura, elementos afro-brasileiros e latinos vêm sendo empregados na constituição das cenas. Além disso, recursos de teatralidade também ajudarão a contar essas histórias. Bonecos, pernas-de-pau, canto, música e técnicas de circo darão o tom da montagem, que tem estréia prevista para agosto.

Labirintos promete ser uma experiência cênica de desvendamento, desnudamento e reconhecimentos. Uma espécie de perder-se para se achar. Para isso, o espectador será convidado a enxergar o Passeio Público como esse espaço cênico onde serão vividas essas histórias míticas. Os diversos ambientes do lugar já estão sendo explorados pelos atores. De forma itinerante, o espetáculo vai levar o público para dentro da história que tem no embate entre formas diferentes de ver o mundo o seu fio condutor. A racionalidade versus o pensamento mítico e da fábula. O choque de culturas, de valores e de formas de poder se expressarão na peça, tendo o labirinto como ponto de ligação na história desses personagens.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

PASIFAE

(a mulher e o touro)


Pasífae, filha de Apolo e de Perseis, foi a mulher de Minos e mãe de Androgeu, Ariadne e Fedra. O seu marido Minos se recusou a sacrificar um enorme touro branco a Poseidon, este, por vingança, conseguiu convencer Afrodite a castigá-lo. Assim, a deusa do amor enfeitiçou Pasifae, inspirando-lhe um amor irresistível por esse touro branco. Dédalo ajudou este amor monstruoso de Pasifae, fabricando para ela uma vaca de madeira tão perfeita que enganou o touro. Pasífae colocou-se no interior e dessa união nasceu um ser metade touro metade homem: o Minotauro.

Trecho da cena da Côrte, fala de Pasifae escrita e interpretada po Jacyan Castilho:

Você não é igual a mim. Você não olha para mim. Você não me olha como mulher. Você não sabe quem eu sou. Você não sabe que eu sou uma deusa. Você está se lixando, não é isso? Pra minha divindade? Mas eu vou sujar a minha divindade com você.

Jacyan Castilho, Daniel Farias e Cláudio Machado

TESEU

(a criança e seu destino)


TESEU era fruto do encontro entre Etra e EGEU, rei de Atenas em uma suas viagens. Antes de conhecer o filho, Egeu teve de voltar a Atenas, pois a situação estava um pouco instável devido à ambição dos sobrinhos. Por esse motivo, inclusive, o rei pediu a Etra que, se ela desse à luz um menino, só revelasse ao filho quem era seu pai quando ele tivesse forças para pegar a espada e as sandálias que ele escondera sob uma enorme pedra. Depois disso devia ir em segredo até Atenas, pois os ambiciosos palântidas eram capazes de matá-lo.

Nasceu um menino, que cresceu vigoroso e forte como um herói. Aos dezesseis anos seu vigor físico era tão impressionante que Etra decidiu contar-lhe quem era o pai e o que se esperava dele. Teseu ergueu então a enorme pedra antes movida por Egeu, recuperou a espada e as sandálias do pai, e dirigiu-se para Atenas.

Lá chegando encontrou um rei derrotado pela decadência do império. Humilhado pelo tributo de 14 virgens devidos anualmente a Creta para serem devorados pelo MINOTAURO, o monstro do labirinto. A origem da dívida devia-se ao fato de que anos antes, nos jogos de Atenas, os cidadãos mataram por inveja Androgeu, o primogênito do rei Minos campeão absoluto da competição. O rei de Creta resolve então se vingar anualmente.

Trecho da cena do encontro de Teseu com seu pai, Egeu:

Preciso ir, pai, prometo voltar. Vou à Creta, para nos libertar desse pesadelo. Trocarei as velas do barco quando voltar. Voltarei de velas brancas.

Leandro Villa

terça-feira, 27 de maio de 2008

"O Herói de Mil Faces" Joseph Campbell

“ A situação de quem não tem uma vocação interior nem uma doutrina exterior é realmente desesperadora: ou seja, a situação da maioria das pessoas hoje, nesse labirinto de dentro e de fora do coração. Onde está a guia, aquela virgem querida Ariadne, para desvendar a pista que nos dará a coragem de enfrentar o Minotauro e os meios de nos libertar depois da morte do monstro?

... esse labirinto é bem conhecido; só temos que seguir o fio do caminho do herói. E onde esperávamos a abominação, acharemos um deus; onde pensávamos que teríamos que matar o outro, nos mataremos; onde pensávamos em viajar para fora, chegaremos ao centro da nossa própria existência; onde pensávamos que estaríamos sós, estaremos com o mundo inteiro".

quinta-feira, 15 de maio de 2008

A CASA DE ASTERION

(Jorge Luís Borges)

Sei que me acusam de soberba, e talvez de misantropia, e talvez de loucura. Tais acusações (que castigarei no devido tempo) são irrisórias. É verdade que não saio de casa, mas também é verdade que as suas portas (cujo número é infinito*) estão abertas dia e noite aos homens e também aos animais. Que entre quem quiser. Não encontrará aqui pompas femininas nem o bizarro aparato dos palácios, mas sim a quietude e a solidão. Por isso mesmo, encontrará uma casa como não há outra na face da terra. (Mentem os que declaram existir uma parecida no Egito.) Até meus detratores admitem que não há um só móvel na casa. Outra afirmação ridícula é que eu, Asterion, seja um prisioneiro. Repetirei que não há uma porta fechada, acrescentarei que não existe uma fechadura? Mesmo porque, num entardecer, pisei na rua; se voltei antes da noite, foi pelo temor que me infundiram os rostos da plebe, rostos descoloridos e iguais, como a mão aberta. O sol já se tinha posto mas o desvalido pranto de um menino e as preces rudes do povo disseram que me haviam reconhecido. O povo orava, fugia, se prosternava; alguns se encarapitavam na estilóbata do templo das Tochas, outros juntavam pedras. Algum deles, creio, se ocultou no mar. Não é em vão que uma rainha foi minha mãe; não posso confundir-me com o vulgo, ainda que o queira minha modéstia.
O fato é que sou único. Não me interessa o que um homem possa transmitir a outros homens; como filósofo, penso que nada é comunicável pela arte da escrita. As enfadonhas e triviais minúcias não encontram espaço em meu espírito, capacitado para o grande; jamais guardei a diferença entre uma letra e outra. Certa impaciência generosa não consentiu que eu aprendesse a ler. às vezes o deploro, porque as noites e os dias são longos.Claro que não me faltam distrações. Como o carneiro que vai investir, corro pelas galerias de pedra até cair no chão, estonteado. Oculto-me à sombra duma cisterna ou à volta de um corredor e divirto-me com que me busquem. Há terraços donde me deixo cair, até ensangüentar-me. A qualquer hora posso fazer que estou dormindo, com os olhos cerrados e a respiração contida. (às vezes durmo realmente, às vezes já é outra a cor do dia quando abro os olhos.) Mas, de todos os brinquedos, o que prefiro é o do outro Asterion. Finjo que ele vem visitar-me e que eu lhe mostro a casa. Com grandes referências, lhe digo "Agora voltamos à encruzilhada anterior" ou "Agora desembocamos em outro pátio" ou "Bem dizia eu que te agradaria este pequeno canal" ou "Agora vais ver uma cisterna que se encheu de areia" ou "Já vais ver como o porão se bifurca". Às vezes me engano e rimo-nos os dois, amavelmente. Não tenho pensado apenas nesses brinquedos; tenho também meditado sobre a casa. Todas as partes da casa existem muitas vezes, qualquer lugar é outro lugar. Não há uma cisterna, um pátio, um bebedouro, um pesebre; são catorze (são infinitos) os pesebres, bebedouros, pátios, cisternas. A casa é do tamanho do mundo; ou melhor, é o mundo. Todavia, de tanto andar por pátios com uma cisterna e com poeirentas galerias de pedra cinzenta, alcancei a rua e vi o templo das Tochas e o mar. Não entendi isso até uma visão noturna me revelar que também são catorze (infinitos) os mares e os templos. Tudo existe muitas vezes, catorze vezes, mas duas coisas há no mundo que parecem existir uma só vez: em cima, o intrincado sol; embaixo, Asterion. Talvez eu tenha criado as estrelas e o sol e a enorme casa, mas já não me lembro.
A cada nove anos, entram na casa nove homens para que eu os liberte de todo o mal. Ouço seus passos ou sua voz no fundo das galerias de pedra e corro alegremente para buscá-los. A cerimônia dura poucos minutos. Um após outro caem sem que eu ensangüente as mãos. Onde caíram, ficam, e os cadáveres ajudam a distinguir uma galeria das outras. Ignoro quem sejam, mas sei que um deles, na hora da morte, profetizou que um dia vai chegar meu redentor. Desde então a solidão não me magoa, porque sei que meu redentor vive e que por fim me levantará do pó. Se meu ouvido alcançasse todos os rumores do mundo, eu perceberia seus passos. Oxalá me leve para um lugar com menos galerias e menos portas. Como será meu redentor? - me pergunto. Será um touro, ou um homem? Será talvez um touro com cara de homem? ou será como eu? O sol da manhã rebrilhou na espada de bronze, já não restava qualquer vestígio de sangue. - Acreditarás, Ariadne? - disse Teseu. - O minotauro apenas se defendeu.- Fim -(*) O original diz catorze, mas sobram motivos para inferir que, na boca de Asterion, esse adjetivo numeral valha por infinitos.

Jorge Luis Borges

terça-feira, 13 de maio de 2008

O que é o Labirinto para você hoje?


O labirinto para mim é ter que acordar todos os dias em um mesmo horário e cumprir uma agenda interminável de compromissos, de reuniões, discussões... Muitas vezes em torno de algo empírico e com resultados não quantificaveis. É ter vontade de comer menos para emagrecer e correr pelo Dique, e perceber que o tempo é exíguo e que a comida, às vezes, é refúgio. Conseguir vencer os Minotauros nem sempre é algo fácil. Pelo menos às vezes eu acho que descobrir o meu Teseu interior.
(
Bruno Guimarães)

É a busca por aquilo que encontra-se escondido e intrínseco em nós mesmos. A busca por uma identidade aprisionada. Talvez os nossos instintos que foram afastados da realidade ocupada e aprisionada pela razão. Esta, agora, precisará percorrer os caminhos criados por si mesma, buscando encontrar a lógica que a ajudou a construir esta prisão que hoje desconhece.
(Cláudio Machado)

É escolha. É tomar um caminho, cada vez mais difícil de retorno. É ter que abdicar de outro. É medo de me perder, de ser devorado pela própria escolha antes de achar a saída. E que saída será essa que não também a morte? Porém não trágica, mas gloriosa.
(Daniel Farias)

O meu labirinto sou eu mesmo. A saída dele, portanto, é decifrar-me. Ou devora-me.
(Gordo Neto)

Se o labirinto for ameaça, se é assim que o vemos, então o labirinto de hoje se assemelha àquele do mito: da mesma forma que o herói, temos que matar um leão por dia pra salvar a própria pele. Os descaminhos que nos perdem, que fazem a gente se perder, são aqueles que, em nome da sobrevivência, afastam a gente cada vez mais dos sonhos, dos planos para o futuro: é o acúmulo de trabalho que nos rouba horas de lazer; o acúmulo de descrença que nos rouba a fé na luta; o acúmulo de tédio que embota nossos sentidos mais refinados. Mas se encararmos o labirinto como a chance de encontrar a saída, o fio de Ariadne, eu diria que meus labirintos são os que me fazem tatear, tatear, até achar um jeito todo original de lidar com meus problemas: a saída, pra mim, é sempre a criatividade, a arte e o engenho de ser capaz de ser feliz. Como diria o velho Brecht: “Eu sustento que o prazer é uma forma de capacidade”...
(Jacyan Castilho)

O labirinto hoje representa o meu estado de espírito diante do turbilhão de acontecimentos da minha vida. A explosão de horizontes que vislumbro e as decisões que eu devo tomar para realizar meus sonhos mais altos. O labirinto para mim hoje é saber exatamente o que preciso fazer para alcançar as minhas metas e não ter disciplina e coragem para fazê-lo, mesmo compreendendo que a vitória é logicamente certa.
(Leandro Villa)

O labirinto para mim é um círculo, onde se anda e não se chega a lugar algum. Onde todas as questões entre mim e a sociedade se confundem e se diferenciam ao mesmo tempo, cercados de vícios, conceitos, pré-conceitos, repressões, encontros, desencontros, que dificultam a passagem pela vida. Um circo onde se brinca de esconder e achar o fio do olhar humano e animal de cada ser. Um lugar onde o ideal é revolucionar-se internamente ... até aprender a viver.
(Márcia Lima)

Quando perco o equilíbrio, a medida, o rumo, eu caio no labirinto. O Labirinto é enorme. É lá onde me encontro quando as coisas não estão conformes... E as coisas não são conformes! A paixão e o ciúme, o poder e a ganância, a beleza e a fome. Junto comigo, o mundo também se perde. Sem equilíbrio, sem medida, sem rumo. Emaranhados, já não nos lembramos de como chegamos ali. O labirinto é o que comecei na infância e sustentarei até a velhice. É o medo em que mergulho pra encontrar minha segurança. Sou eu me desorganizando para me organizar. Mergulhando em mim, pra sair de mim. É que ostento e escondo. É o palco, a rua, o mar, o amor, a memória. É a prazerosa dissonância. É o caos e o orgasmo. Nós, ao mesmo tempo, somos e estamos no labirinto.
(Raiça Bomfim)

e pra você?